Neste baldio que sou
Sou o antes de tudo e o depois de nada,
Sendo raro onde estou
E, pleno, em uma conversa, fustigada
Pelo o olhar da ausência,
Pela boca de uma carência
Que veste a nudez
De uma venenosa mudez,
Com epitáfios de surdez.
Neste vício que morde
A dureza de uma inocência,
Há um breve acorde
Que socorre a insolvência
E devolve à aparência
A natureza de um fiorde,
Precipício de sons,
Baldio fresco de tons
Que dedos de tudo
E dentes de nada
Revestem o corpo ossudo.
São conversas de esplanada,
Ouvidos que tudo ouvem
Em sentidos que nada sentem.
Neste baldio em que vivo
A desordem é um sorriso
E, o silêncio, o cativo
Que é um ponto que piso
Ao amanhecer que anoitece
E à noite que entontece
Este baldio que sou
Sem saber onde estou,
Passando por passar,
Vagando, sem vagar.
Assinado por Renato Cresppo
Nenhum comentário:
Postar um comentário