quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Verdades parenterais XXII

A poesia é a árvore da vida. Cada palavra é um ramo, cada folha é um verso, cada fruto é um poema.

Assinado por Renato Cresppo


sábado, 18 de fevereiro de 2023

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Verdades parenterais XX

A bebedeira do meu último suspiro será a última melodia que remará com a brisa do tempo.

Assinado por Renato Cresppo


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Verdades parenterais XVIII

A odisseia de outrora far-se-á, inexorável e fatalmente, na ignomínia do porvir.

Assinado por Renato Cresppo


Nas teias de uma alucinação delírica - V - O COPO CHEIO DE UM CORPO VAZIO

Este copo cheio de ti
Saúda a memória do teu corpo em festa.
Bebo-o, trago a trago,
Como se fosse os pingos do teu cabelo molhado,
Como se cada gosto seu
Fosse o desgosto do teu aceno.
As lágrimas do teu olhar
Bebidas por estes olhos de gelo,
Fogo que não se vê. Ardem.
São álcool que queima este silêncio.
Bêbado de ti, encharco o tempo,
Este tempo sem ti, sem o gosto deste copo vazio.
Gota a gota, perdeste o sabor,
Mas em cada lágrima que ouço à noite
Vai um rio de nada. 
Um corpo de voz.
Um copo de foz.
Uma foz de tempo.
Vazio. O corpo.
Vazio. O copo.

Assinado por Renato Cresppo


sábado, 4 de fevereiro de 2023

Nas teias de uma alucinação delírica - IV - A FLOR DO TEMPO

Sempre que caminho pelas ruas do tempo, sinto num recanto interior, muito bem escondido, um pequeno jardim com uma única flor plantada pelos filamentos da idade. Umas vezes acendem-se, outras, apagam-se. Nas esquinas do tempo, onde o passado anseia pelo futuro, há um osso de saudades que me recuso a roer. Nunca nos terminais do destino encontrei razões para que a flor se tenha recusado a florescer. É um jardim triste, apesar da muita música com que festejei a alegria de a ter comigo. Embora o tempo seja eterno, eu não o sou. Será que ela o será? A velhice não me apoquenta. A flor provoca-me com tratados de incompreensão.

O corpo vai adormecendo, pouco a pouco, mas ela continua, interna e sorridente, perante o desespero de não encontrar a semente justa que seja o alimento que a desperte e me emagreça a tristeza que me enfeita os lábios das dores, flocos de neve que se vão derretendo, ao sentirem os fios solares soprarem-lhe as últimas gotas de vida. Talvez, eu seja um floco de neve que, ao derreter-se, liberte, finalmente, a glória perfumada desta flor que me desconhece e que não chora, sendo um sonho que a morte do meu tempo conduzirá, certamente, ao seu florescimento triunfal. Porém, eu não sou quem pareço, e a flor não o sabe. A bebedeira do meu último suspiro será a última melodia que remará com a brisa do tempo.

Assinado por Renato Cresppo



quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Oblívio no engano VII - OS DESCENDENTES DO TEMOR DA VIDA

Pertenço ao cantinho dos vultos que estendem a mão ao Futuro, porque o passado os transformou em descendentes do temor da vida. São apenas números no arco do triunfo dos endividamentos, santificados pelo ostracismo a que são vetados todos os que não se abrigam nas cavernas dos que sopram os ventos da sua estabilidade, graças à instabilidade dos que professam as magias falsas da salvação cotidiana. Cansei-me das cantigas dos que louvam as louva-a-deus dos mandatos irrefletidos nos espelhos das vaidades individualistas dos que fingem que são, o que não sendo, passam por ser o livre arbítrio das mentiras que cheiram às lixeiras das verdades em que já ninguém acredita, a não ser eles mesmos, agarrados que estão, aos fluídos endividados das suas dúvidas abstratas, defendidas pelos carrapatos das ignorâncias ideológicas e pelas realidades que são o monte Evereste da falência coletiva. Não importa afirmar que não somos o que éramos noutros tempos, importa sim avaliar o que seremos se continuarmos a ser a fundição dos planos, fundidos nas sepulturas da mendicidade coletiva no reino dos reinados abstratos. Pouco me importam as vigílias dos cérebros empedernidos na vigência de um reino simulado. O que se aclama não são realidades, mas abstrações de cérebros conflituosos e de afrontamentos paralisados pela ignorância de uma fragrância luminosa. Quando todos acordarmos para a claridade da nossa sina, saberemos ouvir no fragor de um desmoronamento, o quadro simbólico de um retângulo ridículo, esfumando-se na espuma da inexistência. Será a água e não o azeite que virá ao de cima. Eis a verdade de uma outra verdade que a verdade não deixará omitir.

Assinado por Renato Cresppo