terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Verdades parenterais XVII

Só se avalia um adeus quando as portas de uma despedida se abrem à solidão do silêncio.

Assinado por Renato Cresppo


Pinceladas de uma Intimidade Liberta - III - O RITMO DA CIRCULAÇÃO

Soprando os sopros de fumaça de um Fortuna, um tabaco espanhol razoavelmente agradável, encontro-me sentado em um dos degraus da Astra Theater Bellaria, e enquanto apago a guimba no degrau inferior, ouço os sinos que anunciam o início de mais uma das suas sessões. O som transporta-me a um destes dias em que seguia no trem da linha Ferrara-Rimini, batia a noite o seu turno. A composição parou na Estação Bellaria. Dela, saiu uma jovem de cabelo encaracolado, blusa esverdeada e calça jeans. Parou defronte de uma das janelas do trem e, com o olhar inundado de tristeza, enviava, com as pontas dos dedos, beijos soltos de saudades súbitas, a saltitarem de frescuras imensas. Sem que pudesse evitar, fui contagiado pela tristeza e embalsamei, no meu olhar, Cupidos do tempo em que amei amores que não sei. A separação denotava desejos de uma união que se fortalecia na coragem de viver cada minuto, cada segundo, os pequenos e eternos prazeres de abraçar os abraços da ternura e de beijar os beijos das suas intimidades. Só se avalia um adeus quando as portas de uma despedida se abrem à solidão do silêncio. Parte-se para um destino concreto, embrulhado em palavras de segredos e mistérios que acondicionam o regresso ao parque dos sonhos que nascem e reconfortam o corpo entre os lençóis de uma ausência, distância imaginária que, em um dia qualquer, levantará o nevoeiro que paira sobre a fluidez de uma chama amante que amanhece ao entardecer.

Estas sequências de uma peça de teatro que se repetem em muitas sessões, são, inúmeras vezes, pausas de um tempo que escapam aos seus enquadramentos, ameaçando as debilidades da sensibilidade amorosa com a secura de paisagens que amolecem em transições de luz baixa, transcendendo as realidades com os subúrbios dos esquecimentos, dos abandonos que ferem e desarmam todo um futuro que, subitamente, é passado.  O trem reacendeu a sua circulação e, com ele, recomeçou o ciclo das vidas dos que nele ficaram. Observei a agilidade do tempo que, no seu bojo, transporta milhares de atores que representam o seu papel neste grande palco da vida que veste o universo com as partículas da nossa bioeletricidade. Somos amantes, amados ou não, porque esse é o ritmo do nosso coração.

Assinado por Renato Cresppo


terça-feira, 24 de janeiro de 2023

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Verdades parenterais XI

O SIMBOLISMO POÉTICO DO TEU OLHAR É O SORRISO DA FLOR QUE SE OFERECE AO AMOR DA VIDA.

Assinado por Renato Cresppo


terça-feira, 10 de janeiro de 2023

domingo, 8 de janeiro de 2023

Nas teias de uma alucinação delírica - III - O ALAÚDE E EU

Estou sentado em um degrau de um dos prédios de uma rua do centro storico de Rimini. Do meu lado esquerdo, encostada à porta, jaz um velho alaúde; do meu lado direito, sobre o degrau, descansa uma garrafa de vinho tinto seco que vou bebericando de quando em vez. Os meus olhos, ligeiramente enevoados, acompanham o estranho movimento ondulante da rua. Tento pensar em algo que me distraia, mas os pensamentos, primeiro, aglomeram-se, incandescentes, depois, esfumam-se como se fossem argolas de fumo, construídas à partir de um cigarro que se imagina, de um tempo que se evapora por entre os passos tumultuosos de corpos que se envolvem com os ritmos da noite, em um frenesim de contos inacabados. Coloco o alaúde entre as minhas pernas, afago-lhe o corpo envelhecido pelo uso e permito que os meus dedos perturbem o sossego das suas cordas, sequiosas de propagarem pela noite os poemas sonoros do seu encanto. O alaúde e eu somos um corpo único, beleza das belezas musicais que bandos de jovens vão ouvindo, passando, ou sentando-se, à nossa frente, em um semi-círculo de jovialidade noturna. Os meus olhos fixam-se em uma janela de um prédio diante de nós. Abre-se, de par em par, deixa que os sons penetrem de mansinho pelos sonhos de um sono desconhecido. Dos meus dedos soltam-se notas que, de início, flutuam, para, depois, voarem como pássaros em busca dos seus limites despovoados, essa sensação de liberdade que envolve as pupilas do meu prazer e desfilam como imagens cinematográficas de um filme em que o argumento é este vagabundear sonoro pelas veias da vida. Há jovens que bebem, há jovens que dançam por dentro das suas memórias difusas, como que espelhando pela noite dentro as sombras vinícolas dos seus desejos mais ardentes. Uma espécie de magia negra apoderou-se do meu corpo que, lentamente, se foi diluindo até que, eu, e o alaúde, em metamorfoses de um tempo desconhecido, abraçamos o voo discreto do corvo de Poe que, sobre o parapeito da janela, segredou aos ouvidos da noite, "nunca mais". E nunca mais, eu, e o alaúde, somos.

Assinado por Renato Cresppo


sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

Verdades parenterais IX

A VIRTUDE DE SE SER QUEM SE É, LEVANTA O NEVOEIRO DA ALMA, E DEVORA, AO ESQUECIMENTO DA MEMÓRIA, A TRISTEZA QUE NOS COMEMORA.

Assinado por Renato Cresppo


quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Revisão

EM BOA VERDADE VOS DIGO QUE TAL COMO AS REVISTAS DO ANO, TAMBÉM EU, REVISITEI TODA MATÉRIA ESCRITA PELA MINHA PESSOA, RENATO CRESPPO, NOS MEUS BLOGUES "AFLUENTESPOETICOS.BLOGSPOT.COM", "ALGUMASASPAS.BLOGSPOT.COM" E O "ETIPSEADERAM.BLOGSPOT.COM" ENTRE ABRIL DE 2015 ATÉ A PRESENTE DATA DE 04 DE JANEIRO DE 2023. NADA MAIS ME RESTA DO QUE DESEJAR A TODOS OS HABITANTES DESTA PÁGINA E DOS DEMAIS BLOGUES, BOAS SAÍDAS E BOAS ENTRADAS E UM ANO NOVO RECHEADO DE COISAS BOAS.

Assinado por Renato Cresppo


terça-feira, 3 de janeiro de 2023