sexta-feira, 3 de abril de 2020

O despertar da dor da ausência

A distância não afeta
a fome de ser quem sou
um vulto que se infecta
com a raiva que negou
o vírus que nos detecta
o bobo que nos julgou
sem conhecer o profeta
que nada profetizou.

Despertar a dor da ausência
com a fuga de uma pureza
é vestir a cor da violência
co´a morte velha da beleza.

As farsas do cotidiano
são viveiros de cultura,
nacos do mito ufano
em versos de tortura
e réus de corpo insano
que viajam na tontura
de não verterem o dano
às facas do véu humano.

Ouvir as forças do ocaso
na virgindade da nascente
é inventar o mortal prazo
à água de uma semente.

E nada será urgente
no berço da nossa idade
nem a coragem carente
nem a fluência da verdade
roendo o caruncho vidente
que se alarga à vontade
de cobrir o nosso poente
co´o caos da Humanidade

Assinado por Renato Cresppo